Foi-se o tempo em que os cuidados de saúde eram realizados apenas por médicos e enfermeiros. Hoje se sabe que, para tratar as demandas da área, é necessário ter a compreensão de que a saúde é um campo que abarca diversos conhecimentos, um campo que exige multidisciplinaridade. A lógica de hierarquização da saúde sugere que somente o médico pode de salvar vida — o que não é verdade. Na maioria das vezes, quem realiza esse trabalho é uma equipe composta por diversos profissionais com formações e perceptivas diferentes sobre um mesmo fenômeno. Isso é o que chamamos de multidisciplinaridade na saúde. Você sabe o que é? Não se preocupe! Neste artigo, vamos abordar tudo que você precisa saber sobre o tema. Confira!
Esse conceito nada mais é do que reunir diversas disciplinas em prol de um só objetivo. Na área de saúde, isso quer dizer agrupar diversos profissionais para tratar de um mesmo caso. Atualmente, quem almeja uma carreira na área de saúde, deve ter em mente essa perspectiva. Isso se deve ao fato de que as doenças carregam tamanha complexidade, que torna impossível o tratamento adequado com a visão de apenas um profissional. O ser humano tem diversas necessidades no processo de adoecimento, e uma boa equipe de saúde deve estar preparada para suprir essas demandas. Mas não pense que isso é uma tarefa fácil. Apesar de a multidisciplinaridade ser o formato ideal de saúde, muitas graduações, ainda hoje, não preparam o profissional para essa realidade. Você, profissional de saúde que está lendo este conteúdo, deve saber do que estamos falando, não é mesmo? Durante a formação, geralmente os profissionais aprendem apenas a visão do seu campo de estudo sobre os fenômenos. Todos professores e alunos são pesquisadores da área. Quando esse estudante chega ao mercado de trabalho, a história é bem diferente. Portanto, não é incomum encontrar profissionais que não sabem trabalhar em equipe ou que não compreendem a importância da visão de um colega com outra formação. Ainda bem que existe saída, como você vai descobrir logo mais!
É muito comum os profissionais confundirem esses 3 conceitos. Apesar de todos eles serem muito importantes na esfera do cuidado, eles não querem dizer a mesma coisa.
Na multidisciplinaridade, é importante saber que, embora diversos profissionais estejam envolvidos no cuidado com o paciente, a avaliação ocorre de forma independente. Esse é o famoso “cada um no seu quadrado”. Os profissionais envolvidos não necessariamente estabelecem trocas entre si. Assim, cada profissional emprega o seu método e considera a importância de múltiplos pontos de vista para o tratamento de uma doença. Todos sabem da importância de diversos conhecimentos no tratamento de um só paciente.
No caso da interdisciplinaridade, podemos chamar atenção para prefixo “inter”, que pressupõe uma ação recíproca. Nessa equipe, existe a possibilidade de trocas, seja de instrumentos, de técnicas ou de métodos. Nada mais é do que um diálogo — ou seja, os profissionais debatem suas visões sobre o tema de modo a chegar em um planejamento mais adequado para o paciente dentro do seu campo de estudo.
Por fim, a transdisciplinaridade envolve não somente o diálogo, mas também o entrelaçamento de diversas áreas. Parece complicado? Então vamos trazer alguns exemplos para explicar melhor. Imagine que você trabalha em um hospital e acaba de receber um paciente psiquiátrico. Uma equipe com visão transdisciplinar vai avaliá-lo e acompanhar em conjunto os procedimentos realizados. Isso quer dizer que você deverá estar ciente do diagnóstico tanto na sua área quanto no campo de todos os seus colegas. Agora ficou mais simples, não é? Enquanto na interdisciplinaridade o profissional pode ou não trocar saberes com determinados profissionais, na transdisciplinaridade isso é compartilhado. A partir dessa partilha, a equipe passa a construir um novo saber. Assim, você deve ter percebido que a multidisciplinaridade não envolve a complexidade dos outros dois conceitos. Isso quer dizer que você pode ou não trabalhar em um local com uma visão interdisciplinar ou transdisciplinar. No entanto, compreender que existem diversas áreas fundamentais para o tratamento de uma só doença é princípio básico e necessário para todos os profissionais de saúde. O seu paciente precisa que você tenha essa visão. [rock-convert-cta id="62502"]
Hoje, os hospitais e clinicas podem contar com profissionais das mais diversas formações — a exemplo de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos, dentre outros. Grandes hospitais também têm no seu quadro de funcionários desde gerontólogos e assistentes sociais até terapeutas ocupacionais. Todas as profissões podem fazer parte da multidisciplinaridade na saúde, desde que seja uma área envolvida na qualidade de vida das pessoas. O investimento em equipe aumenta a qualidade do tratamento e acelera a recuperação do paciente. Isso pode, inclusive, resultar na redução do tempo de internação. Além disso, ele fica mais satisfeito e tende a retornar na consulta profissional quando necessário. Em outras palavras, ele vai confiar mais nos colaboradores do hospital e no serviço. Quem acha um desafio muito grande atuar em um local com essa mentalidade precisa buscar o aperfeiçoamento na área da saúde — afinal, essa área basicamente não acontece sem ter essa estrutura. Por isso, você que está desatualizado precisa buscar esse conhecimento e compreender a importância de estar por dentro das tendências.
Mesmo que você atue em consultório ou trabalhe sozinho, também é possível considerar esses princípios. Tenha em mente que o seu conhecimento não atende todas as demandas de uma enfermidade. Insistir nisso pode prejudicar a pessoa que você está atendendo. Por isso, mesmo não atuando em um local que tenha uma equipe com diversos especialistas, você pode ter uma visão multidisciplinar e encaminhar o paciente para os cuidados de outros profissionais quando sentir que é preciso. Fazer os encaminhamentos necessários é também uma forma de otimizar o tratamento do paciente. Para você que quer se consolidar no mercado de trabalho, vale a consideração: além de ser uma prática que demonstra ética profissional, ainda é essencial para que a sua prescrição, de fato, traga melhorias para a pessoa de quem você está cuidando. A longo prazo, você será respeitado não só pelo paciente, mas também pelos outros profissionais que percebem que você sabe trabalhar em conjunto. Isso quer dizer que aquele colega que também tem uma visão multidisciplinar não pensará duas vezes antes de encaminhar para você alguém que necessita de cuidados dentro da sua área de conhecimento.
Agora que você sabe um pouco mais sobre o conceito de multidisciplinaridade, talvez esteja com dificuldade de visualizar a aplicação no seu campo prático. Mas vamos explicar melhor como isso funciona, a partir de um bom exemplo. Pense em uma pessoa com câncer durante um tratamento quimioterápico. Possivelmente, já passou pela avaliação médica, que prescreveu determinado tratamento, e pelos cuidados de enfermeiros. Mesmo assim, ainda há possibilidade de complicações — a desnutrição, por exemplo, é comum nesses casos. Um nutricionista tratar esse problema e ainda prevenir essa complicação. Questões psicológicas envolvem não só o paciente, mas também a sua família, demonstrando a necessidade do psicólogo nessa equipe. A fisioterapia pode atuar no controle da dor e redução dos sintomas. O farmacêutico é responsável pela manipulação dos medicamentos. Como você pode ver, uma doença tem mais dimensões do que a maioria das pessoas imagina. Enquanto se pensava que um médico, há algumas décadas, era o único agente necessário em um tratamento, hoje fica claro que um profissional não tem todo o conhecimento necessário para tratar uma condição.
Agora imagine um paciente desnutrido, por exemplo. Ele pode ter suas proteínas plasmáticas reduzidas, o que seria um risco bem grande, já que elas são importantes para que diversos medicamentos possam fazer efeito. Nesse cenário, podemos ver nitidamente como a multidisciplinaridade pode otimizar o tratamento. O médico pode prescrever o medicamento correto para o paciente, mas somente um profissional que tenha em mente a influência do estado nutricional em uma doença terá sua atenção totalmente voltada para esse aspecto. Nesse caso, o trabalho conjunto entre esses profissionais é primordial para o bem-estar do paciente. Quer outro exemplo? Considere um paciente que tenha alguma doença que demanda comportamento de autocuidado — como é o caso do diabetes tipo 1. Se for uma criança, ela vai crescer e, ao longo do tempo, precisa ter a consciência sobre aplicação de insulina, cuidados com a alimentação, exercícios físicos, dentre outros fatores importantes. Deu para notar que são diversos profissionais envolvidos, não é mesmo? Além disso, em muitos casos, é necessário que esses pacientes entendam a importância de certos comportamentos e, logo, estabeleçam o cuidado prioritário consigo mesmas. Assim, o trabalho com o psicólogo, é fundamental. Ele vai trabalhar os aspectos psicológicos da pessoa diagnosticada, bem como ajudar a família a lidar melhor com o assunto.
Em hospitais, é comum que os pacientes passem por triagens relacionadas a diversas áreas. Além da avaliação no momento de internação, instituições que contam com atendimento multidisciplinar avaliam o risco nutricional, as necessidades alimentares dessa pessoa, além da possibilidade de realizar fisioterapia, psicoterapia, dentre outros tratamentos. A fisioterapia e nutrição, por exemplo, podem ser muito importantes para prevenir escaras em pacientes acamados. Além disso, a fisioterapia respiratória é fundamental para quem está internado em UTI’s. Tudo vai depender da complexidade envolvida na doença da pessoa. No entanto, sempre diversos profissionais estarão envolvidos no processo.
Percebeu como apenas um paciente pode necessitar do cuidado de diversos profissionais para se recuperar? Agora que você já entendeu o que é, a importância e como funciona a multidisciplinaridade na saúde, é preciso saber que nem tudo são flores. Infelizmente, ainda existem muitos desafios relacionados ao tema. Saiba mais!
Ainda hoje, alguns profissionais não compreendem a questão da multidisciplinaridade na saúde, seja devido a limitações na formação ou desinteresse. Portanto, quem atua na área já deve ter se deparado com aquele profissional que fez uma prescrição que você percebe que não está de acordo, pois existe uma particularidade do paciente que não foi considerada. Considere o exemplo de uma pessoa que procurou um profissional, tomou um inibidor de apetite, perdeu peso, mas meses depois recuperou tudo de novo. Nesse caso, o profissional prescreveu o medicamento ao ver que o problema do paciente era o excesso de calorias, mas desconsiderou que existiam outras variáveis que influenciavam no comportamento alimentar dessa pessoa. Ou seja, ela não passou por um programa de educação alimentar, não aprendeu a importância de exercícios físicos e, consequentemente, não mudou comportamentos que sustentariam o seu peso a longo prazo. Essa perda de peso foi porque ele comeu menos devido ao efeito do medicamento, mas não poderá fazer uso dele pelo resto da vida. Logo, ao fim do tratamento, começa a recuperar o que havia perdido. Bem comum de acontecer, não é?
Outro ponto que pode acontecer é ter profissionais que, ao perceberem s existência de outras variáveis que podem ajudar no tratamento, tentam lidar com essa limitação dentro do seu próprio consultório. Certamente você já ouviu falar sobre aquele profissional que não é nutricionista prescrevendo alguma dieta para um paciente, certo? Essa pessoa sabe da importância de outros cuidados no tratamento, mas quer resolver problemas que não estão ao seu alcance no quesito domínio técnico. Não basta apenas saber que outras áreas podem ajudar o paciente — os profissionais de saúde precisam aprender a reconhecer as suas limitações. Nesse sentido, a humildade e o respeito são fundamentais. Mesmo que você compreenda a importância de uma área, é preciso saber que você não terá a bagagem teórica que o profissional com aquela formação carrega. Não adianta, por exemplo, saber calcular uma dieta com determinados nutrientes para um paciente. O profissional que é habilitado para isso tem conhecimento sobre todos os aspectos que envolvem o ato de comer. A prescrição dietética e o cálculo matemático são apenas a forma de instrumentalizar esse conhecimento. Pegue o exemplo da bula que acompanha a caixa de qualquer remédio. Ela contém todas as informações relacionadas à composição do produto, e interações e efeitos adversos. Caso esse fosse o único conhecimento necessário para se tomar um medicamento, não haveria necessidade de consulta a um especialista. No entanto, além das informações contidas na bula, é preciso saber exatamente qual a dosagem necessária e, é claro, o diagnóstico correto. Ter a certeza do prazo em que a medicação será ingerida também faz toda a diferença. Estudos recentes sobre o medicamento também não vão estar na bula, nem tampouco se existem tratamentos mais moderno e menos agressivos para tratar uma condição. Quem vai dominar esse conhecimento é o médico especializado na doença.
Ainda existem algumas instituições com uma lógica de hierarquização da saúde, ou seja, o paciente só chega a outros profissionais quando encaminhado pelo médico. Esse ainda é um grande desafio para o tratamento multidisciplinar. Muitos planos de saúde, por exemplo, só permitem que o beneficiado tenha acesso a outros serviços quando existe um encaminhamento. Essa questão nos leva aos dois problemas discutidos anteriormente: ou o profissional não vê a necessidade de outros acompanhamentos ou ele mesmo tenta suprir todas as demandas a fim de ajudar seus pacientes. Em todos esses casos, quem sai prejudicado é o paciente. Com o avanço da ciência, o que se vê é a necessidade cada vez maior não só da multidisciplinaridade na saúde, mas também da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade. Mais do que agregar diversas disciplinas, é necessário desenvolver a capacidade de diálogo e da interação com as outras profissões.
Se durante a formação no Ensino Superior o estudante não entra em contato com a visão da multidisciplinaridade, o caminho dele certamente será um pouco mais longo. Afinal, ele terá que aprender sobre o tema por meio da sua experiência ao decorrer da vida. Para não demorar tanto, o ideal buscar cursos de formação para lidar com essa necessidade o mais rápido possível. Suprir essa demanda nos cursos de graduação não é fácil. Geralmente, o estudante passa o curso inteiro convivendo apenas com pessoas que estudam a mesma disciplina. Em um curso de Fisioterapia, ele só tem contato com a visão de fisioterapeutas o tempo todo, por exemplo. Isso ocorre da mesma forma em qualquer outro curso. É daí que vem a dificuldade de diálogo entre os profissionais. Eles a lidar somente com os seus pares e, quando se formam, caem em uma realidade muito diferente. Atendem pacientes com demandas diversas, trabalham em locais com inúmeros profissionais e, muitas vezes, não têm bagagem — nem prática, nem cientifica — para lidar com essas questões. Apesar de ser desanimador, saiba que se você é um profissional que ama o que faz, é possível superar todos esses desafios. Atualmente, existem muitos cursos multidisciplinares na área da saúde e instituições comprometidas em formar profissionais de excelência, capazes de transformar a vida de outras pessoas. É sobre isso que vamos falar no nosso último tópico. Siga conosco!
Você entendeu a importância de trabalhar a multidisciplinaridade no ambiente da saúde, mas não se sente preparado para lidar com as competências necessárias? Saiba que é possível suprir as demandas recorrendo a cursos. É isso mesmo! Atualmente, diversas instituições oferecem cursos de natureza multiprofissional. Isso quer dizer que você pode buscar uma especialização sobre uma temática do seu interesse e que seja voltada para vários tipos de profissionais. Além de adquirir conhecimentos, você terá contato com diversos profissionais durante o processo de formação. Você que trabalha com idosos pode buscar especializações multiprofissionais em gerontologia, por exemplo. Assim, você fará um curso que aborda diversas demandas do envelhecimento enquanto tem contato com diversos profissionais que trabalham com o mesmo público. Um curso sobre autismo pode interessar a psicólogos, enfermeiros, pedagogos, professores, fonoaudiólogos, médicos e muitos outros profissionais. Imagine só aprender em um ambiente que tenha todas essas visões sobre o mesmo fenômeno. Parece muito enriquecedor, não é mesmo? Como você pode perceber, além do conhecimento que você vai adquirir, poderá exercer sua capacidade de diálogo. Com tempo, será capaz de compreender qual a perspectiva das outras áreas sobre o mesmo problema que enfrenta na rotina com determinados pacientes. Ficará cada vez mais nítido que questões que tiraram seu sono por vários meses poderiam ter sido solucionadas facilmente se você soubesse que os cuidados de outros profissionais eram tão importantes.
Vale ressaltar que ser um profissional multidisciplinar não é só compreender que a área dos outros é importante, mas também saber mostrar que a sua atuação pode contribuir para diversos tratamentos em que, muitas vezes, ela não é considerada. Você que é nutricionista, por exemplo, quantas vezes você ouviu as pessoas falando sobre a importância da nutrição no autismo? A alimentação é uma área bastante importante que nem sempre é considerada, não é? Interagir com outros profissionais pode mostrar para eles a importância da sua atuação no tratamento de um autista. É sobre essa troca que estamos falando. Não adianta somente questionar se os outros profissionais sabem a sua importância — é necessário que você também mostre o seu valor para eles. A multidisciplinaridade na saúde é primordial para um cuidado de qualidade. Como vimos, ela permite que o paciente tenha um tratamento integrado, considerando as especificidades e necessidades de cada pessoa. Ser um profissional que preza por esse principio é estar comprometido com o bem-estar do seu paciente. Quando todas as pessoas adquirirem essa mentalidade, poderemos ter um cuidado em saúde mais íntegro, que atenda a todos de maneira correta e respeitosa. Ficou interessado no assunto e quer saber sobre como se aprimorar na área? Então aproveite a sua visita ao blog e confira o post que fizemos sobre os melhores cursos multiprofissionais de Fortaleza. Que tal? [rock-convert-cta id="29974"]
Categorias:multiprofissional
Cadastre seu e-mail para receber informativos e novidades sobre a faculdade e sobre os cursos.
Comentários